É impossível concordar sempre uns com os outros, especialmente em um contexto profissional. Por isso, a comunicação não violenta é essencial no dia a dia do trabalho!
As opiniões divergem, assim como a forma como cada pessoa as expressa e interpreta.
Isso às vezes leva a choques e conflitos, cujas consequências podem ser prejudiciais para o indivíduo, bem como para a atmosfera geral no trabalho. Como então alguém pode se expressar sem o risco de ferir e irritar a outra pessoa?
É aí que entra a comunicação não violenta – um método que exige certa destreza verbal, uma boa dose de psicologia da empatia e autoconhecimento, além de esforço constante.
Neste artigo, nós explicamos como esse método funciona e damos dicas para você aplicá-lo na prática e melhorar a comunicação na sua empresa. Confira!
O que é comunicação não violenta?
A Comunicação Não Violenta (CVN) é um modelo baseado no princípio de que nossa escolha de linguagem e estilo de comunicação pode facilitar ou bloquear a compaixão.
Criado pelo Dr. Marshall Rosenberg, considera como expressamos nossos sentimentos e necessidades e como ouvimos os outros.
A empatia é uma base fundamental. Em vez de focar em conseguir o que queremos, a CNV se preocupa em fazer uma conexão que permita que todos compartilhem suas necessidades e as satisfaçam.
Qual a importância da comunicação não violenta?
Compreender o outro no nível de nossas necessidades cria essa conexão porque, nesse nível humano mais profundo, as semelhanças entre nós superam as diferenças. Assim, dando origem a uma maior compaixão.
Ao adotar a comunicação não violenta no ambiente corporativo, os colaboradores aprendem a expressar suas necessidades e sentimentos de forma clara e assertiva, sem agressões verbais ou hostilidade.
Isso resulta em maior compreensão, empatia e colaboração, diminuindo conflitos e melhorando a resolução de problemas.
Vantagens da comunicação não violenta
Embora a utilização da comunicação não violenta no ambiente corporativo exija um processo de planejamento e monitoramento, ela gera grande valor para as empresas, como:
Permite a criação de relações pessoais baseadas na compaixão e no respeito, ajudando assim a melhorar a cooperação;
- Ajuda a resolver conflitos;
- Ensina a dizer não e a aceitar as recusas dos outros;
- Ajuda a lidar com sentimentos de culpa, medo ou vergonha;
- Melhora as habilidades de escuta e compreensão;
- Ajuda a deixar de lado os pensamentos que podem levar a discussões, raiva ou depressão;
- Ensina como identificar as necessidades próprias e alheias e como gerenciá-las;
- Melhora as habilidades de negociação;
- Ajuda as pessoas a estabelecerem relacionamentos interpessoais;
- Melhora a produtividade da equipe.
4 pilares da comunicação não violenta para você conhecer
A base da comunicação não violenta é a disposição e a capacidade de abordar e perceber os problemas de maneira não crítica. Assim, envolve quatro pilares-chave: observação, sentimento, necessidade e pedido. Entenda como abordar cada um deles!
1. Observação
Em geral, os julgamentos de valor costumam ser instantâneos. Às vezes, ocorrem em nós de forma automática e inconsciente, sem nos dar tempo para nos perguntarmos por que eles existem e de onde vêm.
Dessa forma, o uso desse tipo de julgamento é utilizado, na maioria das vezes, como mecanismo de defesa ou ataque, e costumam ser muito violentos para a outra pessoa.
Para evitar isso, você pode reservar um momento para observar a situação, entendê-la e descrevê-la, estando ciente dos julgamentos de valor que surgem em sua mente.
O objetivo é que você obtenha o controle desses julgamentos e seja capaz de evitá-los. Evite fazer julgamentos ou emitir críticas pessoais. Mantenha o foco na ação observável e descreva apenas o que aconteceu.
2. Sentimento
Depois de conseguir se desapegar dos julgamentos de valor, você pode se concentrar em identificar quais sentimentos está vivendo com a situação (sejam eles conflitantes ou não).
A ideia é que você possa entender o que está causando em um nível emocional o evento que você acabou de descrever. Assim, em vez de julgar ou agredir verbalmente a outra pessoa, você conseguirá expressar o que essa situação está provocando em você.
Não é o mesmo julgar, desvalorizar, agredir ou desrespeitar um colega como expressar que o que ele está fazendo está nos prejudicando, nos incomodando etc.
3. Necessidade
Aqui você precisa entender quais são as necessidades pessoais/profissionais que não estão te permitindo cobrir a situação gerada.
Dessa forma, se você conseguir identificar quais sentimentos a situação está provocando em você, será mais fácil reconhecer a necessidade que está ligada a eles.
Por exemplo, você pode sentir raiva e o que está por trás disso é uma necessidade de ser ouvido porque a outra pessoa está gritando muito, não deixa você falar ou não dá a palavra.
4. Pedido
Nesta fase você será capaz de desenvolver uma proposta construtiva para chegar a um acordo equitativo e produtivo com a outra parte. Graças aos passos acima, você terá maior disposição para expressar de forma direta e honesta um pedido.
Isso porque, por um lado, você tem evitado fazer julgamentos de valor ou atacar os outros, favorecendo um ambiente mais comunicativo e aberto.
Do mesmo modo, você terá tempo para explorar o que está acontecendo com você e como se sente, para ter ideias mais claras.
Dessa forma, se você sabe o que quer, pode comunicar efetivamente o que precisa.
Quais são os desafios da utilização da comunicação não violenta?
Ao tentar utilizar a Comunicação Não Violenta no ambiente corporativo, as pessoas podem enfrentar alguns desafios.
Enfrentá-los exigirá esforço e comprometimento, mas os benefícios, como melhor colaboração, resolução de conflitos eficaz e relacionamentos mais saudáveis, tornam o processo valioso.
Veja alguns desses desafios.
Autoconsciência
A autoconsciência requer reflexão e consciência emocional para identificar e expressar de forma autêntica os próprios sentimentos e necessidades. Ao passo que, em vez de reagir automaticamente aos estímulos externos.
Empatia
Exige a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo suas perspectivas, necessidades e sentimentos.
Logo, pode ser difícil em um ambiente competitivo, onde o foco pode ser mais voltado para a eficiência e resultados do que para a conexão humana.
Mudança de padrões de comunicação
Muitas vezes, estamos acostumados a padrões de comunicação agressivos, passivos ou manipulativos. Aprender a comunicar-se de maneira não violenta requer prática e persistência para romper esses hábitos antigos e adotar uma abordagem mais construtiva.
Resistência organizacional
Algumas empresas podem não estar familiarizadas com a Comunicação Não Violenta e podem resistir a mudanças na forma de se comunicar.
Superar essa resistência requer paciência, educação e demonstração dos benefícios da comunicação não violenta para promover uma cultura de diálogo e respeito.
5 dicas para exercitar a comunicação não violenta
Implementar a Comunicação Não Violenta requer prática e comprometimento de todos os membros da empresa.
Ao adotar essas dicas, você criará um ambiente de trabalho mais harmonioso, com melhor colaboração e relacionamentos mais saudáveis entre os colaboradores.
1. Pratique a escuta ativa
Ouça com empatia e interesse genuíno. Esteja presente, evite interrupções e demonstre compreensão. Isso cria um ambiente de confiança e encoraja os outros a se expressarem de forma aberta e honesta.
2. Cultive a linguagem consciente
Escolha suas palavras com cuidado, buscando ser claro, respeitoso e objetivo. Evite críticas pessoais, acusações ou generalizações. Lembre-se de focar em observações específicas, sentimentos, necessidades e pedidos construtivos.
3. Treine habilidades de resolução de conflitos
Aprenda técnicas de negociação e mediação para lidar com conflitos de maneira construtiva. Busque o diálogo, ouça todas as partes envolvidas e procure soluções que atendam às necessidades de todos.
4. Promova a conscientização emocional
Encoraje os colaboradores a reconhecerem suas próprias emoções e necessidades, bem como a dos outros. Dessa forma, facilita a compreensão mútua, reduz a hostilidade e ajuda na resolução de problemas de forma mais colaborativa.
5. Ofereça treinamentos e workshops
Promova a conscientização sobre a Comunicação Não Violenta por meio de programas de treinamento e workshops – isso ajuda a criar uma cultura organizacional que valoriza a comunicação compassiva e pode estimular a aplicação prática dessas habilidades no dia a dia.
A comunicação não violenta pode não parecer muito natural no início, especialmente em um ambiente profissional, pois não é fácil para as pessoas expressarem seus sentimentos e necessidades. Isso inclui mudar seus hábitos e trabalhar um pouco em si mesmo.
Mas, com a prática, você descobrirá rapidamente que essa é uma maneira eficaz de se comunicar e promover uma atitude amigável e respeitosa no trabalho e em casa.