Cada pessoa é única. Seja fisicamente, em relação à própria história ou em questões de personalidade, é impossível negar que cada um de nós é um mundo exclusivo e cheio de descobertas a serem feitas.
No entanto, infelizmente, nem sempre as pessoas veem essas diferenças como algo empolgante. Por conta disso, preconceitos estão presentes nas mais variadas esferas da sociedade, incluindo o ambiente corporativo. Isso gera problemas que vão desde o racismo e o machismo até o capacitismo no trabalho.
E é justamente sobre este ponto que falaremos hoje! Ao longo do nosso bate-papo, você descobrirá o que é o capacitismo no mercado de trabalho, qual é a realidade desse problema e como combatê-lo dentro das empresas. Vamos lá!
O que é o capacitismo?
Antes de falarmos sobre o problema, precisamos entendê-lo! Afinal, o que é o capacitismo? Como a palavra já nos indica, o termo tem a ver com o conceito de “capacidade”. Mas será que isso é algo bom?
Infelizmente, não. A palavra, na verdade, esconde uma realidade muito dura: o preconceito direcionado às pessoas com deficiência, que representam quase 24% da população brasileira.
Esses mais de 45 milhões de brasileiros sofrem diariamente com questões que variam da exclusão social à perda de oportunidades no mercado de trabalho. Assim, vivem à margem da sociedade, algo que precisa ser mudado.
Sendo assim, o capacitismo consiste na perpetuação da ideia de que as pessoas com deficiência são inferiores ou têm menos capacidade de realizar tarefas do cotidiano.
Como ocorre o capacitismo no mercado de trabalho?
O capacitismo no ambiente profissional se mostra de várias formas. Há, por exemplo, a maneira mais “velada”, que consiste no uso de frases preconceituosas e a realização de chacotas, tendendo inclusive para o bullying.
No entanto, há também o capacitismo explícito e que exclui o profissional com deficiência dos setores de trabalho. Nesses casos, não há ações de vagas afirmativas e esses indivíduos são preteridos em processos seletivos, mesmo que sejam tão ou mais qualificados do que seus colegas.
O que a lei diz sobre capacitismo?
Os direitos das pessoas com deficiência são assegurados, no Brasil, por uma lei conhecida como a Lei Brasileira da Inclusão, de 2016.
De acordo com ela, o capacitismo no ambiente de trabalho é considerado uma infração, já que o 4º artigo nos mostra que todos os indivíduos — independentemente de se enquadrarem ou não no grupo das PCD — têm direito à oportunidades iguais, sem passarem por discriminação.
As penas envolvidas são multas ou até mesmo reclusão, que pode variar de 1 a 3 anos de acordo com a gravidade da infração cometida.
Exemplos de frases capacitistas
Mas, afinal, quais são as frases que expressam o capacitismo em nosso dia a dia? Alguns exemplos são o uso de termos como “retardado”, “cego”, “surdo”, “normal” e outros. Fique, também, de olho nas seguintes expressões:
● “dar uma de João sem braço”;
● “coitado!”;
● “você tem deficiência?”;
● “você nem parece ter deficiência nenhuma!”;
● “nossa, e eu reclamando aqui…”;
● “você é a superação em pessoa!”;
● “fulano está fingindo demência”;
● “você trabalha mais do que as pessoas normais”, entre outras.
Como substituir expressões capacitistas
A chave para evitar o capacitismo é não fazer qualquer distinção entre as pessoas com deficiência e os outros grupos. Somos todos iguais! Se ela está ali, é porque está devidamente qualificada para a posição, ocupando a vaga de acordo com os requisitos da empresa.
Qual a importância das empresas promoverem a inclusão de pessoas com deficiência?
Quem vê cara, não vê coração. Lembra dessa frase? Embora aqui não estejamos falando sobre sentimentos, é possível criar um paralelo entre o ditado popular e a realidade das pessoas com deficiência no Brasil e em outras partes do mundo.
Ao olhar para alguém com deficiência, muitas pessoas definem esses indivíduos por conta de suas possíveis limitações, aparência física ou quadro de saúde. No entanto, somos únicos e ao mesmo tempo, muito profundos. Não somos apenas aquilo que é visto.
Sendo assim, pessoas com deficiência podem ser extremamente capazes, competentes, qualificadas e cheias de qualidades e habilidades fundamentais para o ambiente de trabalho. Com a exclusão, perde-se muitos talentos, ideias, sonhos e conquistas, tanto para o profissional quanto para a empresa.
Como denunciar casos de capacitismo na empresa?
O principal canal de denúncia de casos de capacitismo no trabalho deve ser o contato com a própria empresa. É preciso que a vítima se sinta acolhida e segura o suficiente para notificar a infração aos superiores, recebendo todo o suporte necessário durante a apuração dos fatos e a tomada das medidas cabíveis.
Como evitar o capacitismo no trabalho?
O primeiro passo para evitar esse tipo de situação é oferecer o espaço para que as PCD cresçam dentro da empresa. Assim, deve-se abrir vagas de ação afirmativa, que abram oportunidades para esse grupo tão marginalizado em nossa sociedade.
Além disso, é preciso educar a equipe e buscar lideranças que estejam alinhadas com os princípios de igualdade, respeito e diversidade.
Dicas de como construir um ambiente anticapacitista dentro da empresa
Para fechar, confira um resumo com dicas que ajudam a relacionar a exclusão do capacitismo e a inclusão do deficiente no trabalho. Elas incluem:
● contratação de PCDs;
● busca por lideranças que, se não PCDs, estejam alinhadas com os direitos e conquistas desse grupo;
● elaboração de uma boa rede de suporte, que acolha possíveis vítimas de preconceito e apurem os fatos com imparcialidade e respeito à lei;
● elaboração de estratégias para educar e treinar a equipe, com palestras, conversas com especialistas e dinâmicas que promovam a inclusão e o respeito no ambiente de trabalho.
Como podemos ver, o capacitismo no trabalho é um problema sério, que merece uma abordagem assertiva para que deixe de estar presente no mercado. E então? Pronto para implementar medidas que ajudem a deixar essa questão no passado?
